O dólar próximo do nível mais alto da história e entrevista com Patricia Krause

As bolsas europeias e os futuros americanos são negociados em baixa na manhã desta quarta-feira, 30. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, jogou um balde de água fria nas expectativas do mercado e afirmou que não há uma data definida para o governo apresentar o prometido pacote de cortes de gastos. A frase foi dada em uma rápida entrevista a jornalistas na última terça-feira. O ministro afirmou que teve — e ainda terá — uma série de reuniões com o presidente Lula sobre o assunto e que é ele quem vai decidir como e quando o pacote será anunciado. Haddad disse que Lula pediu algumas informações e que as reuniões têm sido positivas. Questionado se o pacote reduziria as despesas entre 30 e 50 bilhões de reais, o ministro afirmou que não divulga números antes das decisões serem fechadas. O fato é que o mercado está muito ansioso e com os nervos à flor da pele por causa desse assunto. O dólar voltou a subir e fechou a última sessão a 5,76 reais, o nível mais alto do ano e um dos maiores da história. A máxima histórica da moeda americana é de 5,90 reais, atingida em maio de 2020. A incerteza em relação ao resultado da eleição nos Estados Unidos também impacta negativamente o dólar. Novos dados de emprego nos EUA devem medir a temperatura da economia americana e o ritmo dos esperados cortes de juros por lá. Diego Gimenes entrevista Patricia Krause, economista-chefe da Coface para a América Latina.

O VEJA Mercado é transmitido de segunda a sexta, ao vivo no YouTube, Facebook, Twitter, LinkedIn e VEJA+, a partir das 10h.

Oferecimento de JHSF

—————————————————————————

Assine VEJA: https://abr.ai/2VZw8dN

Confira as últimas notícias sobre o Brasil e o mundo: https://veja.abril.com.br/

SIGA VEJA NAS REDES SOCIAIS:
Instagram: http://www.instagram.com/vejanoinsta/
Facebook: http://www.facebook.com/Veja/
X: http://x.com/VEJA
Telegram: http://t.me/vejaoficial
Linkedin: http://www.linkedin.com/company/veja-com/

4 Comments

  1. A atual situação econômica do Brasil evidencia fragilidades tanto na gestão fiscal quanto na condução da política econômica pelo governo, revelando falhas na comunicação e um aparente descompasso entre as promessas e as ações concretas. As recentes declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, frustraram o mercado ao reafirmar que ainda não há uma data definida para o anúncio de um pacote de cortes de gastos, mesmo após reiteradas promessas de que o governo tomaria medidas de controle fiscal. A falta de clareza sobre o valor desses cortes – estimados entre R$ 30 e R$ 50 bilhões – e sobre as áreas que sofrerão ajustes, além de adiar as expectativas do mercado, deixa em suspensão as dúvidas quanto ao comprometimento real do governo em colocar como finanças públicas em ordem.

    Esse clima de incerteza é particularmente preocupante em um país que já enfrentou uma taxa de câmbio volátil, inflação alta e necessidade de investimentos em setores essenciais. Sem um direcionamento claro, o real segue enfraquecido, e o dólar se aproxima de patamares históricos, afetando diretamente o custo de vida e elevando os preços dos produtos e insumos importados. Para uma economia que depende de uma moeda estável para contribuição ao setor produtivo e investimento de investimentos, a hesitação em implementar políticas consistentes e críveis de contenção de despesas pode custar caro.

    Ao tomar decisões, o governo parece subestimar o impacto psicológico dessa indecisão sobre os investidores e a população. A falta de previsibilidade fiscal cria um ambiente de desconfiança, minando a já abalada resposta que se esperava fosse retomada em um cenário pós-pandemia e em um momento em que o Brasil busca recuperação e estabilidade. A condução econômica pela equipe atual tem exibição reativa e lenta, e as limitações de medidas robustas geram um círculo vicioso: o mercado perde a confiança, o câmbio dispara e, sem um plano concreto de cortes, a dívida pública pode se tornar insustentável.

    A dependência do executivo sobre o poder de decisão presidencial, evidenciada pelo ministro ao afirmar que cabe ao presidente a palavra final sobre o pacote, ressalta uma centralização preocupante. Essa estrutura hierárquica pode reduzir a eficácia do ministério, limitando a autonomia para implementar políticas públicas e urgentes. Enquanto isso, o aumento do dólar eleva a pressão sobre o custo de vida da população, afetando principalmente as mais vulneráveis, que sofrem com o encarecimento de produtos de necessidade básica, além dos impactos nas contas de energia e combustíveis.

    A situação, portanto, exige que o governo brasileiro vá além de meras declarações otimistas. É imperativo que o Planalto e o Ministério da Fazenda apresentem um planejamento fiscal transparente, com cortes claros, metas atingíveis e compromissos que demonstrem verdadeira responsabilidade fiscal. Do contrário, o Brasil poderá enfrentar um cenário ainda mais desafiador, onde a inflação, o desemprego e o descrédito internacional formarão uma conjuntura adversária, intensificando as desigualdades sociais e afastando o país de um crescimento sustentável.